domingo, 24 de junho de 2018

O EXAME DE HISTÓRIA A, A ENGENHARIA AVALIATIVA E O COSTISMO






Na passada sexta-feira decorreu, no silêncio do costume, o Exame de História A e, aparentemente, o grau de dificuldade era o mesmo de sempre, com algumas artimanhas, também com algumas boas ligeirezas, mas a exigir aquele grau de maturidade cívica e de interesse pelo mundo, que os atuais alunos de Humanidades, infelizmente não têm!
Porém, olhando para as cotações, percebe-se logo a intenção de obter resultados muito melhores, através de uma engenharia classificativa sem precedentes, o que vai ser um presente para todos: os classificadores, como eu, que fazem este trabalho de borla e sem qualquer protecção, sentir-se-ão menos injustiçados; os bons alunos, que a muito custo, lá chegavam ao 15 ou ao 16, agora, facilmente chegarão ao 20; os alunos fracos que tiravam 5 ou 6, com esta nova distribuição das cotações, podem muito bem chegar ao 10.
E qual foi a técnica?
Muito simples!
Aquela que já se pratica no Básico há muito e que o Governo de António Costa tão habilmente executa: tudo na mesma, mas parecendo que tudo melhorou!...
Pôr cada pergunta de escolha múltipla (e daquelas tipo apertar os sapatos sem se babar…) a valer 10 pontos e o desenvolvimento a valer apenas 20 é o exemplo mais significativo!
Vai render, mas então, mais uma vez os professores serão considerados os maus, pois, andaram a levar a sério um Programa complexo e exigente e depois, sem qualquer aviso, o exame valoriza, não as questões de construção, mas as de seleção!
Concordo com o aligeiramento daquelas questões, onde se remete apenas para 2 aspetos, em vez dos tradicionais 3. Sim, essa foi uma melhoria e uma adaptação ao novo tipo de aluno em fuga das outras áreas…mas esta burlazinha, esta engenharia dispensava-se ou então anunciassem que era para brincar com o Programa.
E note-se que eu sou daquelas pessoas que defendem um Programa aligeirado, tendo em conta que o 12º ano agora é obrigatório e temos alunos diferentes, mas o que me impressionou foi a surpresa e sermos os últimos a saber…
De resto, tudo óptimo!
Vamos finalmente ficar bem no ranking e quem teve turmas este ano vai ser considerado melhor professor!
Tudo isso é bom!...
Je suis Costa! Je suis Brandão Rodrigues!

2 comentários:

  1. Não se iluda, mesmo com o facilitismo da distribuição das cotações, não sei não! Muitos sairam do exame atordoados com aquela da Lei Fundamental do país no tempo de Salazar. Se não acertaram nesta, ai ai o resto! Esperemos e veremos se a média nacional não continuará nos 9,5/10.

    ResponderEliminar
  2. Infelizmente, tinha razão. A média nacional continuou igual, mas há novidades: a comunicação social começou a enxergar a disciplina, finalmente repararam que a disciplina está mal, embora pensem que é só este ano! Deixá-los! Para eles só existiam as que designam de principais!

    ResponderEliminar