segunda-feira, 27 de julho de 2020


 A MINHA EXPERIÊNCIA COVID DE E@D

As Editoras entraram em ação e, num misto de informação e propaganda, fomos cilindrados com uma avalanche de Webinares, que promoviam as aulas síncronas como o expoente máximo do E@D.
Apregoaram-se dezenas de ferramentas e multiplicaram-se as videoconferências, atulhando os alunos de TPC e de aulas síncronas até à exaustão, tendendo a reproduzir online os vícios das aulas presenciais, de caráter essencialmente expositivo.
Acreditando que menos é mais, optei pelo mais simples e mais à mão: apenas usei o Google Meet e a plataforma Moodle, paga pela escola há muito, mas subaproveitada! Quais as ferramentas Moodle que usei? Apenas três: Glossário, Trabalho e Fórum.
No primeiro dia de cada semana, respeitando o horário letivo (para evitar sobreposição de disciplinas), convidava os alunos para uma breve videoconferência, na qual anunciava o Tema da Semana, divulgava a SAV (Sala de Aula Virtual), despistava eventuais dúvidas e tentava perceber qual o estado de espírito de cada um. A partir daqui, apenas interferia nos fóruns semanais, muito discretamente, de modo a que os alunos pudessem trabalhar autonomamente e ao seu ritmo.
Encarreguei os Delegados de Turma de exercerem uma espécie de Tutoria, zelando pela participação de todos e desenvolvendo esforços no sentido de que nenhum colega ficasse para trás. Quando se aproximava o último dia de cada semana, eram os delegados que faziam a ronda e contabilizavam as participações, puxando pelos ausentes.
Cada aluno tinha que fazer as suas leituras e pesquisas (orientadas e fixadas pormenorizadamente na SAV) sobre o tema da semana, de modo a que conseguisse responder a um Questionário/Trabalho,  postar uma entrada no Glossário (que era imediatamente avaliada e, eventualmente, reformulada) e duas interações no Fórum. No último dia da semana, facultava as respostas ao Questionário, para que cada aluno se autoavaliasse.
A Avaliação era feita semanalmente e publicada na plataforma, em termos qualitativos. Usei o email para situações mais pessoais, pois o feedback ia sendo dado no Fórum.
Posso concluir que, de um modo simples e acessível, os meus alunos aprenderam e apropriaram-se dos conceitos com mais profundidade do que no ensino presencial, pois o tempo que se poupou de aulas e deslocações foi compensado com muito mais pesquisas e trabalho colaborativo nos Fóruns semanais, onde se criou um ambiente de salutar concorrência. Foi visível a partilha e o efeito de contágio, em que até os mais acomodados e com postura mais passiva nas aulas presenciais e/ou nas videoconferências, acabaram por alinhar, entusiasticamente, nas discussões assíncronas.
E, curiosamente, os que optaram por fazer o Exame Nacional, saíram de lá muito satisfeitos!
Sei que tive condições privilegiadas, sobretudo por ter alunos com acesso a computador e net, mas, se a comunidade for capaz de superar os constrangimentos tecnológicos, nós só temos que apostar nos aspetos pedagógicos e, de futuro, conciliar o ensino presencial com uma forte componente virtual.