A
MINHA EXPERIÊNCIA COVID DE E@D
As Editoras
entraram em ação e, num misto de informação e propaganda, fomos cilindrados com
uma avalanche de Webinares, que
promoviam as aulas síncronas como o expoente máximo do E@D.
Apregoaram-se
dezenas de ferramentas e multiplicaram-se as videoconferências, atulhando os
alunos de TPC e de aulas síncronas até à exaustão, tendendo a reproduzir online
os vícios das aulas presenciais, de caráter essencialmente expositivo.
Acreditando que
menos é mais, optei pelo mais simples e mais à mão: apenas usei o Google Meet e a plataforma Moodle, paga pela escola há muito, mas
subaproveitada! Quais as ferramentas Moodle
que usei? Apenas três: Glossário, Trabalho e Fórum.
No primeiro dia
de cada semana, respeitando o horário letivo (para evitar sobreposição de
disciplinas), convidava os alunos para uma breve videoconferência, na qual anunciava
o Tema da Semana, divulgava a SAV (Sala de Aula Virtual), despistava eventuais
dúvidas e tentava perceber qual o estado de espírito de cada um. A partir
daqui, apenas interferia nos fóruns semanais, muito discretamente, de modo a
que os alunos pudessem trabalhar autonomamente e ao seu ritmo.
Encarreguei os
Delegados de Turma de exercerem uma espécie de Tutoria, zelando pela
participação de todos e desenvolvendo esforços no sentido de que nenhum colega
ficasse para trás. Quando se aproximava o último dia de cada semana, eram os
delegados que faziam a ronda e contabilizavam as participações, puxando pelos
ausentes.
Cada aluno tinha
que fazer as suas leituras e pesquisas (orientadas e fixadas pormenorizadamente
na SAV) sobre o tema da semana, de modo a que conseguisse responder a um Questionário/Trabalho, postar uma entrada no Glossário (que era
imediatamente avaliada e, eventualmente, reformulada) e duas interações no
Fórum. No último dia da semana, facultava as respostas ao Questionário, para
que cada aluno se autoavaliasse.
A Avaliação era
feita semanalmente e publicada na plataforma, em termos qualitativos. Usei o
email para situações mais pessoais, pois o feedback ia sendo dado no Fórum.
Posso concluir
que, de um modo simples e acessível, os meus alunos aprenderam e apropriaram-se
dos conceitos com mais profundidade do que no ensino presencial, pois o tempo
que se poupou de aulas e deslocações foi compensado com muito mais pesquisas e
trabalho colaborativo nos Fóruns semanais, onde se criou um ambiente de salutar
concorrência. Foi visível a partilha e o efeito de contágio, em que até os mais
acomodados e com postura mais passiva nas aulas presenciais e/ou nas
videoconferências, acabaram por alinhar, entusiasticamente, nas discussões
assíncronas.
E, curiosamente,
os que optaram por fazer o Exame Nacional, saíram de lá muito satisfeitos!
Sei que tive
condições privilegiadas, sobretudo por ter alunos com acesso a computador e net,
mas, se a comunidade for capaz de superar os constrangimentos tecnológicos, nós
só temos que apostar nos aspetos pedagógicos e, de futuro, conciliar o ensino
presencial com uma forte componente virtual.